O que direito tem a ver com análise de dados?

Analistas de dados nascem nas profissões mais improváveis…

12/15/2025

Em 2013, quando eu terminei o ensino médio em Brasília, fui fazer Direito. Durante a escola eu lia livros, gostava de história, escrevia bem. Não tinha notas baixas em matemática ou física, mas me sentia mais desafiado nessas matérias e acabei me convencendo de que não era bom com números.

Durante a faculdade a minha leitura e escrita me levaram a estagiar em escritórios de advocacia e órgãos públicos, como a maioria dos meus colegas. Mas depois de alguns anos de estágio, eu percebi que tinha algo de diferente acontecendo dentro da minha cabeça.

Quem já teve a chance de conhecer o dia a dia o Poder Judiciário sabe que em poucos meses você analisa umas boas centenas de processos judiciais. Nessa rotina de trabalhar com vários processos ao mesmo tempo, meu interesse pela leitura e escrita foi diminuindo e eu passei a me interessar por enxergar padrões entre processos parecidos.

Trabalhando em tribunais, eu me interessei por agrupar processos com base em características semelhantes e entender as lógica por trás de poucas decisões judiciais que afetavam milhares de processos ao mesmo tempo. Trabalhando em escritórios de advocacia, eu me interessei por agrupar processos por clientes e categorizar os lotes com base em assuntos, valores, localizações geográficas, e extrair inteligência dessas informações. Enquanto isso, meus amigos todos só queriam ler e escrever, e fugiam das planilhas de excel.

Essa curiosidade por transformar processos judiciais em planilhas, números e gráficos me fez descobrir o termo “jurimetria”, que descreve uma área de pesquisa especificamente voltada para análises quantitativas aplicadas ao Direito. Abracei a área e desenvolvi algumas pesquisas, que me fizeram ficar realmente bom em excel, a ponto de publicar análises como essa (link).

Depois de formar eu escolhi estudar a área de dados com profundidade, fiz um MBA em gestão de TI em São Paulo, e resolvi estudar ciência da computação no Canadá. Hoje, anos depois de formado e trabalhando na área de dados a anos, eu descobri que as pessoas descobrem o interesse por analisar dados nas profissões mais improváveis: trabalho com analistas, engenheiros e cientistas de dados que formaram em áreas como fisioterapia, psicologia, biologia.